sábado, outubro 30, 2004

agitou-se a noite e aqueceu o dia

veio o dia sem idade arrasando sem cor
os movimentos dos dedos

da janela
uma única estrela na profunda escuridão

o frio trai sorvido nas sombras

espírito e alma
misturam-se no sal da vida

a noite traz um sopro árido
cheio de rumores em marés invisíveis

o mar arrastasse terno e doce
embriagado em mistérios
branco e
nobre

realçam sentimentos

sente-se o cheiro
dum desejo

o de amar


onda

domingo, outubro 17, 2004

a emoção ficou trancada

encontrei uma esquina de janela e vagueei

abri janelas às certezas

entraram sem condições

vieram sem imagem,

reflectiam justiça

pouco a pouco
ecoavam vozes
confusas

e tudo irrompia

não se distinguia o brilho do dia
ou a escuridão da noite

tentaram atravessar a vida

metade visível,
mas sem memória

outra metade
densa e insaciada

trouxeram a realidade e o bom senso

juntaram emoções

desejos

carácter
segurança,
palavras difusas

fechou-se a janela

fui ao encontro do esquecimento

deixei partir as certezas

isolei as recordações

voltei costas à realidade visível
ao fundo
a janela abre-se

onda

segunda-feira, outubro 04, 2004

a magia em cada movimento pelo grito da razão

Caboclo Roceiro

Caboclo Roceiro, das plaga do Norte
Que vive sem sorte, sem terra e sem lar,
A tua desdita é tristonho que canto,
Se escuto o meu pranto me ponho a chorar

Ninguém te oferece um feliz lenitivo
És rude e cativo, não tens liberdade.
A roça é teu mundo e também tua escola.
Teu braço é a mola que move a cidade

De noite tu vives na tua palhoça
De dia na roça de enxada na mão
Julgando que Deus é um pai vingativo,
Não vês o motivo da tua opressão

Tu pensas, amigo, que a vida que levas
De dores e trevas debaixo da cruz
E as crides constantes, quais sinas e espadas
São penas mandadas por nosso Jesus

Tu és nesta vida o fiel penitente
Um pobre inocente no banco do réu.
Caboclo não guarda contigo esta crença
A tua sentença não parte do céu.

O mestre divino que é sábio profundo
Não faz neste mundo teu fardo infeliz
As tuas desgraças com tua desordem
Não nascem das ordens do eterno juiz

A lua se apaga sem ter empecilho,
O sol do seu brilho jamais te negou
Porém os ingratos, com ódio e com guerra,
Tomaram-te a terra que Deus te entregou

De noite tu vives na tua palhoça
De dia na roça , de enxada na mão
Caboclo roceiro, sem lar , sem abrigo,
Tu és meu amigo, tu és meu irmão.

Patativa do Assaré


domingo, outubro 03, 2004

  o teu sorriso no esplendor de uma suave explosão chega a mim o teu sorriso. aflui com emoção e calor, como sonhos mesclados nos en...